quarta-feira, 28 de julho de 2010

O VALIOSO TEMPO DOS MADUROS.

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam
poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram,
cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir
assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafectos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário-geral do coral.
'As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência,
minha alma tem pressa...
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana,
muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com
triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade,
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!

Mário de Andrade
(1893-1945)


terça-feira, 27 de julho de 2010

a intensa Anaïs Nin...

..."Me nego a viver em um mundo ordinário como uma mulher ordinária.

A estabelecer relações ordinárias.Necessito o êxtase. Não me adaptarei ao mundo. Me adapto a mim mesma".

..."Subtraia a superintensidade, o chiado das idéias, e você tem uma mulher que ama a perfeição".


..."Realidade não me impressiona. Eu só acredito em intoxicação, em êxtase, e quando vida ordinária me algemar, eu escapo, de uma maneira ou de outra. Nenhum muro mais."


..."Chorei porque não era mais uma criança com a fé cega de criança. Chorei porque não podia mais acreditar e adoro acreditar. Chorei porque daqui em diante chorarei menos. Chorei porque perdi a minha dor e ainda não estou acostumada com a ausência dela".






Anaïs Nin
 
 
 
                               

segunda-feira, 26 de julho de 2010

"E escrevi o teu nome e o teu número de telefone numa página da agenda do mês de Fevereiro.

E, ao escrevê-lo, sabia que era uma despedida, mas todo o mês de Março nos arrastamos na despedida, como caranguejos na maré vazia.
Sem ti, lancei outras raízes, construí pátios e terraços, fontes cujo som deveria apagar todos os silêncios...
Plantei um pomar com cheiro de damasco, mandei fazer um banco de cal à roda de uma árvore para olhar as estrelas do céu, um caminho no meio do olival por onde o luar pousaria à noite,abóbodas de tijolo imaginadas pelo mais sábio dos arquitectos e até teias de aranha suspensas no teto, como se vigiassem a passagem do tempo.
Nada disso tu viste, nada te contei, nada é teu.
Sozinhos, eu e a aranha pendurada na sua teia, contemplámo-nos longamente, como quem se descobre, como quem se recolhe, como quem se esconde.
Foi assim que vi desfilar os anos, as paredes escurecendo, um pó de tijolo pousando entre as páginas dos mesmos livros que fui lendo, repetidamente.
Heathcliff e Catarina Linton destroçados outra vez pela minúcia do tempo.
Como explicar-te como tudo isto se te tornou alheio, como tudo te pareceria agora estranho, como nada do que foi teu vigia o teu hipotético regresso?
Ulisses não voltará a Ítaca e Penélope alguma desfará de noite a teia que te teceste.
E arranquei a página da agenda com o teu nome e o teu número de telefone.
Veio a seguir Abril e depois o Verão. Vi nascer a flor da tremocilha e das buganvílias adormecidas, vi rebentar o azul dos jacarandás em Junho, vi noites de lua cheia em que todos os animais nocturnos se chamavam rãs, corujas e grilos, e um espesso calor sobre a devassidão da cidade.
E já nada disto, juro, era teu.E foi assim que descobri que todas as coisas continuam para sempre, como um rio que corre ininterruptamente para o mar, por mais que façam para o deter
Sabes, quem não acredita em Deus, acredita nestas coisas, que tem como evidentes.
Acredita na eternidade das pedras e não na dos sentimentos;
acredita na integridade da água, do vento, das estrelas.
Eu acredito na continuidade das coisas que amamos,
Acredito que para sempre ouviremos o som da água no rio onde tantas vezes mergulhámos a cara, para sempre passaremos pela sombra da árvore onde tantas vezes parámos, para sempre seremos a brisa que entra e passeia pela casa, para sempre deslizaremos através do silêncio das noites quietas em que tantas vezes olhámos o céu e interrogámos o seu sentido.
Nisto eu acredito: na veemência destas coisas sem principio nem fim, na verdade dos sentimentos nunca traídos.
E a tua voz ouço-a agora, vinda de longe, como o som do mar imaginado dentro de um búzio.
Vejo-te através da espuma quebrada na areia das praias, num mar de Setembro, com cheiro a algas e a iodo.
E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente.
Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros.


Comigo caminham todos os mortos que amei,
todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram.
Não perdi nada, apenas ilusões de que tudo podia ser meu pra sempre.


                                                          "Miguel Sousa Tavares in "Não te deixarei morrer, David Crocket"



                                                           

sábado, 24 de julho de 2010

alguém enterre aquele pastor ! P L E A S E !!!!!!




Acabo de chegar de uma maratona velório/enterro de um tia.


O pastor da igreja dela disse, para todos, na hora de homenagea la:
-Dona Fulana, viveu mais do que devia...90 anos é bastante!!!!!!!



1) no comments

2) um minuto de silencio para o pastor!!!!!!!!



sexta-feira, 23 de julho de 2010

Anaïs Nin foi uma escritora francesa que polemizou sua época ao escrever suas obras permeadas de erotismo e idéias feministas!



"Eu sou uma pessoa excitável que só entende a vida liricamente, musicalmente, em quem sentimentos são muito mais fortes que a razão. Eu estou tão sedenta para o maravilhoso que só o maravilhoso tem poder sobre mim. Qualquer coisa que eu não possa transformar em algo maravilhoso, eu deixo ir. Realidade não me impressiona. Eu só acredito em intoxicação, em êxtase, e quando vida ordinária me algemar, eu escapo, de uma maneira ou de outra. Nenhum muro mais." (Anaïs Nin)

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Mitologia da Saudade- Eduardo Lourenço

"Saudades, só portugueses
Conseguem senti-las bem,
Porque tem essa palavra
Para dizer que as têm".
                     (Fernando Pessoa)


É a saudade mimosa paixão, e por isso tão subtil, que equivocadamente se experimenta, deixando-nos indistinta a dor da satisfação. É um mal, de que se gosta, e um bem, que se padece: quando fenece, troca-se a outro maior contentamento, mas não que formalmente se extingua: porque se em melhoria se acaba a saudade, é certo que o amor e o desejo se acabarão primeiro. Não é assim com a pena; porque quanto maior a pena, é maior a saudade, e nunca se passa ao maior mal, antes rompe pelos males; conforme sucede aos rios impetuosos conservarem o sabor de suas águas, muito espaço de misturar-se com as ondas do mar, mais opulento. Pelo que diremos que ela é suave fumo do fogo do amor, e que do próprio modo que a lenha odorífera lança um vapor leve, alvo e cheiroso, assim a saudade, modesta e regulada, dá indícios de um amor fino, casto e puro. Não necessita de larga ausência; qualquer desvio lhe basta, para que se conheça. Assim prova ser parte do natural apetite da união de todas as coisas amáveis e semelhantes; ou ser aquilo falta, que da divisão dessas tais coisas procede. Compete por esta causa aos racionais, pela mais nobre porção que há em nós; é legítimo argumento da imortalidade de nosso espírito, por que muda ilação, que sempre nos está fazendo interiormente, de que fora de nós há outra coisa melhor do que nós mesmos, com que nos desejamos unir, sendo esta tal a mais subida das saudades humanas, como se disséssemos: um desejo vivo, uma reminiscência forçosa, com que apetecemos espiritualmente o que não havemos visto jamais, nem ainda ouvido, e temporalmente, o que está de nós remoto e incerto; mas um e outro fim, sempre debaixo das premissas de bom e deleitável. Esta é em meu juízo a teórica das saudades, pelos modos que, sem as conhecer, as padecemos, agora humana , agora divinamente.



quarta-feira, 21 de julho de 2010

cada vez que dizemos adeus eu morro um pouco...



Every time we say goodbye
                                                                      (Cole Porter)

Every time we say goodbye
I die a little
Every time we say goodbye
I wonder why a little
Why the Godss above me
Who must be in the know
Think so little to me
They allow you to go...

Ouvindo CD "TRibute to Cole Porter" que meu amigo Ricardo me emprestou,
Nao consigo parar de ouvir essa versao cantada por Annie Lennox! Demais!

terça-feira, 20 de julho de 2010

Dia do Amigo!

Composição: John Lennon & Paul McCartney


What would you think if I sang out of tune?
Would you stand up and walk out on me?
Lend me your ears and I'll sing you a song,
And I'll try not to sing out of key.

I get by with a little help from my friends,
I get high with a little help from my friends,
Going to try with a little help from my friends.

What do I do when my love is away?
(does it worry you to be alone?)
How do I feel by the end of the day?
(are you sad because you're on your own?)

No I get by with a little help from my friends,
I get high with a little help from my friends,
Going to try with a little help from my friends.

Do you need anybody?
I need somebody to love.
Could it be anybody?
I want somebody to love.

Would you believe in a love at first sight?
Yes I'm certain that it happens all the time.
What do you see when you turn out the light?
I can't tell you, but I know it's mine.

Oh I get by with a little help from my friends,
I get high with a little help from my friends,
Going to try with a little help from my friends.

Do you need anybody?
I just need someone to love,
Could it be anybody?
I want somebody to love.

I get by with a little help from my friends,
Going to try with a little help from my friends.
I get high with a little help from my friends,
Yes I get by with a little help from my friends,
With a little help from my friends.



With A Little Help From My Friends (tradução)

[Com Uma Pequena Ajuda De Meus Amigos]

O que você pensaria se eu cantasse desafinado
Você se levantaria e sairia sem mim ?
Me empreste suas orelhas e eu cantarei uma canção para você
E eu tentarei não cantar fora de tom

Oh, consigo com uma pequena ajuda de meus amigos
Eu me levanto com uma pequena ajuda de meus amigos
Tentarei com uma pequena ajuda de meus amigos

O que eu faço quando meu amor está longe
Te preocupa estar só?
Como eu me sinto ao final do dia?
Você está triste porque você está sozinho
Não, eu consigo com uma pequena ajuda de meus amigos

Eu me levanto com uma pequena ajuda de meus amigos
Tentarei com uma pequena ajuda de meus amigos

Você precisa de alguém?
Eu preciso de alguém para amar
Pode ser qualquer pessoa?
Eu quero alguém para amar

Você acredita em amor à primeira vista?
Sim, tenho certeza que isto acontece toda hora
O que você vê quando apaga a luz?
Eu não posso te contar mas eu sei que é meu

Oh, consigo com uma pequena ajuda de meus amigos
Eu me levanto com uma pequena ajuda de meus amigos
Tentarei com uma pequena ajuda de meus amigos

Você precisa de alguém?
Eu preciso de alguém para amar
Pode ser qualquer um?
Eu quero alguém para amar



Oh, consigo com uma pequena ajuda de meus amigos
Eu me ponho alto com uma pequena ajuda de meus amigos
Tentarei com uma pequena ajuda de meus amigos
Sim eu consigo com uma pequena ajuda de meus amigos
Com uma pequena ajuda de meus amigos

segunda-feira, 19 de julho de 2010

a saudade dormiu comigo, espero que nao se importe...

ela saiu de fininho qdo vc me ligou hoje pela manhã...
bastou vc desligar, e ela voltou rapida e rasteira
com aquele pé gelado, veio toda me espremendo
roubando meu edredon, me deixando borocoxô
a saudade é folgada...
eu nao a chamei,
eu nao a convidei...
disse que só se manda qdo vc voltar...
eu nao aguento mais essa coisa grudenta aqui dentro
ocupando um espaço que é seu...
encarecidamente te peço pra voltar
trazendo de souvenir:
um par de braços quentes
e aquele travesseiro
que só seu ombro sabe ser...


19/07/2010

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Achados e Perdidos

Minha mãe de tanta gripe
Perdeu a fome, tadinha!
Preocupa não mãe...
Eu a encontrei...
a FOME tá comigo!

hoje

arroz, feijao, farofa, pimenta vermelha e tres bifes. Juro, tres...

terça-feira, 13 de julho de 2010

CHUVA


Minha planta
Amarelada
Hoje verde
de tao feliz

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Estoy Cruda

Segunda ressacosa,
perdemos a copa
feriado se fue...
na tv avisam
frente fria chegando...
 QUE MEDA desta segunda!


Eu entrei no google pra ver se ''se fué'' tinha acento e olha o que eu encontrei
http://www.youtube.com/watch?v=oFEYFmld9oQ
Melhor sao os comentarios postados:
Os bolivianos pleiteando os direitos autorais
da musica  ''Llorando se fue...''
Gente : Olha só...Por mim, vcs podem ficar com a autoria da letra, da musica, da coreografia e de quebra leva o grupo Kaoma pra vcs tb....rs
Gente esquisita, credo!

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Receita Quentin Tarantino

Quinta sem lei
Maratona Tarantino
Para Tarantino pipoca nao combina nao
Peguei uma caixa de morangos azedos, lindos, enormes
Doce de leite cremoso mineiro, daqueles de vidro,  the big 1...
Passava o morango no doce de leite e mordia...Nova receita Quentin!
Morango, doce de leite e Death Proof
Morango, doce de leite e True Romance
Morango, doce de leite e Four Rooms


ps: dedico esta receita para minhas amigas mineiras Teca (Uberaba) e Dulci (Boa Esperança)
08/07/2010

terça-feira, 6 de julho de 2010

Vontade de escrever sobre coisas bonitas,

que não andam acontecendo comigo.
12/08/95

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Descoberta do amigo Ricardo!

"Ai,
doce pensamento meu,
quando me levarás
onde te envio eu!"
                                                          (Anônimo-Início do séc XVII)