-Sabe filha, la no bar do Mazzali (que Deus o tenha, pobre Mazzali), tinha um par de oculos esquecido ha tempos.
Quando a gente chegava la, tava rodando o tal... um dia na cara de um, um dia na cara de outro!
Era só procurar o jornal, que o leitor, sempre com a minha idade ou pior (rs) estava se servindo do couver gratuito, óbvio, sempre antes da cachaça, pq depois dela....ninguem mais lia jornal nenhum, com oculos ou sem...a vista embaraiava que era uma belezura!!!!!
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Simone de Beauvoir
...Abri a janela. Paris cheirava a asfalto e a tempestade, esmagada pelo calor pesado do verao.
Segui André com os olhos. É talvez, nesses instantes em que vejo distanciar-se que ele existe para mim com a mais pertubadora evidencia: a silueta alta diminui, desenhando a cada passo o caminho de sua volta; ela desaparece, a rua parece vazia mas, na verdade é um campo imantado que o reconduzirá a mim como a seu lugar natural. Essa certeza me comove ainda mais que sua presença.(do livro: A mulher desiludida)
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
O IRRITANTE SORRISO DA FOTO...
( Elucidaçao: Coisas que nunca declaramos
em nome da tal civilidade que nos faz superiores
aos pequenos sentimentos ...)
E o meu coraçao apertou sim
com as fotos e cartas,
de um passado remoto
esquecido em caixas de sapato,
cheirando a mofo e papel velho
FOTOS de caras felizes
em festas de faculdade.
Ninguem da foto
parecia se importar
com as rachaduras da parede
ou com a tinta velha, descascando
da casa alugada...a tal republica!
Nenhuma daquelas pessoas
parecia reclamar
do copo de requeijao
onde tomavam a cachaça barata...
Aquelas pessoas, jovens demais
estavam brindando à vida
ao fato de estarem reunidas
(em suas coloridas amizades)
sem razao especial
CARTAS de coraçoes partidos
palavra ''saudade'' grudada
ao papel de seda
sempre e impreterivelmente.
Saudade sussurada do remetente ao destinatario
em longos dez ou doze dias
cartas de amor,
cartas de amor,
cartas de amor,
cartas de amor,
o amor que dói quando acaba
amor que preenche quando começa
um tipo de amor que só se sente aos
15, aos 17, aos 19
amor de proporçao extraordinaria
dor de proporçao extraordinaria
a fraqueza do amor
documentada
a beleza do amor
documentada
o sentimento cozido e
curtido em longo lamento
que se arrasta como
pés cansados
nos ensaios tremulos da escrita
nos ensaios tremulos da escrita
no rascunho passado a limpo
na revisao do texto
no caminho até o correio
sempre bem chorado antes
lacrado a goma arábica
perfumado com essencia fortissima
q ele dizia amar...
...e nós, com nossa superioridade
a tal da modernidade...
dizemos que isso nao nos afeta
aquela alegria amarelada
de polaroide...
aquele amor piegas
antigo, brega e esquecido...
nao, em nós nao cabe
a inveja dos dias perdidos em bando!
... nós com o nosso luxo...
temos cristais para nossos Bordeauxs
e botox para nossa foto digitalizada
somos demais, somos rápidos
somos vultos de nós mesmos
tao velozes nos transformamos
passando disso para aquilo
sem pensar na velocidade
com que nos esquecemos
de tudo que era pra ser
memória...
E pra acabar
volto pra confirmar
que meu coraçao
apertou sim
com tanta alegria
que parece ser
(tanto nas fotos
quanto nas cartas)
bem mais real
mais atual,
mais fresh,
menos gasta,
que a minha
pobre risada
sem graça...
lé 27/09/2010
como escreveu um grande amigo meu
amor platonico de um amarelado passado...
"nao adiante vir com o martelo
que o nosso amor ja foice"
como escreveu um grande amigo meu
amor platonico de um amarelado passado...
"nao adiante vir com o martelo
que o nosso amor ja foice"
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Explicação da Eternidade
devagar, o tempo transforma tudo em tempo.
o ódio transforma-se em tempo, o amor
transforma-se em tempo, a dor transforma-se
em tempo.
os assuntos que julgámos mais profundos,
mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis,
transformam-se devagar em tempo.
por si só, o tempo não é nada.
a idade de nada é nada.
a eternidade não existe.
no entanto, a eternidade existe.
os instantes dos teus olhos parados sobre mim eram eternos.
os instantes do teu sorriso eram eternos.
os instantes do teu corpo de luz eram eternos.
foste eterna até ao fim.
José Luís Peixoto, in "A Casa, A Escuridão"
o ódio transforma-se em tempo, o amor
transforma-se em tempo, a dor transforma-se
em tempo.
os assuntos que julgámos mais profundos,
mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis,
transformam-se devagar em tempo.
por si só, o tempo não é nada.
a idade de nada é nada.
a eternidade não existe.
no entanto, a eternidade existe.
os instantes dos teus olhos parados sobre mim eram eternos.
os instantes do teu sorriso eram eternos.
os instantes do teu corpo de luz eram eternos.
foste eterna até ao fim.
José Luís Peixoto, in "A Casa, A Escuridão"
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Flora Figueiredo...
Vivência
Se sua rua porventura aparecer
coberta de pétalas de rosa caídas
pela inclemência
de um vento qualquer,
não faça nada
Deixe-a assim desordenada e
descabida.
São reticências que sobraram da estação passada
Acabarão varridas pela própria vida.
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
EDGAR ALLAN POE
"Não fui o que os outros foram
Não vi o que os outros viram
Mas por isso, o que amei,
amei sozinho."
Não vi o que os outros viram
Mas por isso, o que amei,
amei sozinho."
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
terça-feira, 14 de setembro de 2010
Maria Teresa Horta
Não pretendo
mais do que o limite que,
para além do limite,
já se entrega.
Eu cumpro os meus limites,
não cumprindo as regras...
mais do que o limite que,
para além do limite,
já se entrega.
Eu cumpro os meus limites,
não cumprindo as regras...
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
Vasco Gato
Por inteiro
e na palma da tua mão
busco ternura
sem contar meses,
anos, dias,
sem saber dizer
se já te chorei
por inteiro
o suficiente
para não voltar
a perder-te.
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