segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O IRRITANTE SORRISO DA FOTO...

( Elucidaçao: Coisas que nunca declaramos
em nome da tal civilidade que nos faz superiores
aos pequenos sentimentos ...)
E o meu coraçao apertou sim
com as fotos e cartas,
de um passado remoto
esquecido em caixas de sapato,
cheirando a mofo e papel velho



FOTOS de caras felizes
em festas de faculdade.
Ninguem da foto
parecia se importar
com as rachaduras da parede
ou com a tinta velha, descascando
da casa alugada...a tal republica!
Nenhuma daquelas pessoas
parecia reclamar
do copo de requeijao
onde tomavam a cachaça barata...
Aquelas pessoas, jovens demais
estavam brindando à vida
ao fato de estarem reunidas
(em suas coloridas amizades)
sem razao especial
CARTAS de coraçoes partidos
palavra ''saudade'' grudada
ao papel de seda
sempre e impreterivelmente.
Saudade sussurada do remetente ao destinatario
em longos dez ou doze dias
cartas de amor, 
cartas de amor,
cartas de amor,
o amor que dói quando acaba
amor que preenche quando começa
um tipo de amor que só se sente aos
15, aos 17, aos 19
amor de proporçao extraordinaria
dor de proporçao extraordinaria
a fraqueza do amor
documentada
a beleza do amor
documentada
o sentimento cozido e
curtido em longo lamento
que se arrasta como
pés cansados
nos ensaios tremulos da escrita
no rascunho passado a limpo
na revisao do texto
no caminho até o correio
sempre bem chorado antes
lacrado a goma arábica
perfumado com essencia fortissima
q ele dizia amar...

...e nós, com nossa superioridade
a tal da modernidade...
dizemos que isso nao nos afeta
aquela alegria amarelada
de polaroide...
aquele amor piegas
antigo, brega e esquecido...
nao, em nós nao cabe
a inveja dos dias perdidos em bando!
 
... nós com o nosso luxo...
temos cristais para nossos Bordeauxs
e botox para nossa foto digitalizada
somos demais, somos rápidos
somos vultos de nós mesmos
tao velozes nos transformamos 
passando disso para aquilo
sem pensar na velocidade
com que nos esquecemos
de tudo que era pra ser 
memória...


E pra acabar
volto pra confirmar
que meu coraçao
apertou sim
com tanta alegria
que parece ser
(tanto nas fotos
quanto nas cartas)
bem mais real
mais atual, 
mais fresh, 
menos gasta,
que a minha
pobre risada
sem graça... 




lé 27/09/2010

como escreveu um grande amigo meu
amor platonico de um amarelado passado...

"nao adiante vir com o martelo
que o nosso amor ja foice"



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