segunda-feira, 25 de abril de 2011

EU (CORAÇAO) ARNALDO ANTUNES

 
Pensamento
 
Pensamento que vem de fora

e pensa que vem de dentro,

pensamento que expectora

o que no meu peito penso.

Pensamento a mil por hora,

tormento a todo momento.

Por que é que eu penso agora

sem o meu consentimento?

Se tudo que comemora

tem o seu impedimento,

se tudo aquilo que chora

cresce com o seu fermento;

pensamento, dê o fora,

saia do meu pensamento.

Pensamento, vá embora,

desapareça no vento.

E não jogarei sementes

em cima do seu cimento.

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